domingo, 31 de maio de 2009

- A Fidelidade

Não há virtude sem fidelidade. A fidelidade é virtude de memória.
Toda a dignidade do homem está no pensamento, todo pensamento se encontra na memória. Pensar é lembrar-se de seus pensamentos, querer é lembrar-se do que se quer.

A preocupação é pensamento do futuro. Do passado não temos mais nada a esperar. Epicuro dizia: " O esquecimento é um porto seguro".
Tudo que começa, tem inevitavelmente um fim. A inconstância é a regra. O esquecimento é a regra. O real (presente) é feito de instante a instante, é sempre novo, e essa novidade constante é o mundo.

Na verdade não esquecemos os fatos, apenas esquecemos de nos lembrar deles. É isso que os torna passado. Para que um pensamento permaneça na memória, não podemos deixar de pensar nele, caso contrário, esquecemos tal pensamento. É daí que nasce a fidelidade, da lembrança dos pensamentos.

Não se trata de ser fiel a qualquer coisa, já não seria fidelidade e sim obstinação, fanatismo, teima... É seu objeto que constitui seu valor. Não se muda de amigo como de camisa, e seria ridículo ser fiel a suas roupas e não aos amigos.

Ser fiel não desculpa tudo, ser fiel ao ruim é pior do que ser infiel. Os SS juravam fidelidade a Hitler, essa fidelidade no crime era criminosa. " Fidelidade ao mal é má fidelidade. E a fidelidade na tolice é uma tolice mais", observa Jankélévitch.

A fidelidade para ser louvável ou não, depende dos valores a que se é fiel. Ninguém dirá que ressentimento é uma virtude, embora ele permaneça fiel a seu ódio, a sua cólera. A virtude que queremos não é toda fidelidade, mas a boa fidelidade, a grande fidelidade.
Fidelidade virtuosa. Não basta lembrar-se. Pode-se esquecer sem ser infiel, e ser infiel sem esquecer.

Por que eu manteria minha promessa se hoje não sou o mesmo de ontem? Por fidelidade. O fundamento do meu ser e da minha identidade é puramente moral. Ele está na fé e fidelidade que jurei a mim mesmo.
Não sou realmente o mesmo de ontem, mas sou o mesmo unicamente porque assumo meu passado. Para se ter moral, é necessário ser fiel consigo mesmo, é aí que está a fidelidade. De outro modo não haveria deveres. Fidelidade impõe deveres.

Fidelidade é a virtude da memória, a infidelidade é sua falta (a infidelidade ocorre quando deixamos de lado - deixamos de pensar- o pensamento que nos impediria de cometer a infidelidade).

Muitas vezes lutamos contra a maré irresistível do esquecimento, que com o tempo encobre todas as coisas. Outras vezes lutamos com os protestos desesperados da memória, recomendando-nos o esquecimento.

O passado reclama nossa piedade e nossa gratidão, pois o passado não se defende sozinho, como se defendem o presente e o futuro... É este o dever da memória: piedade e gratidão pelo passado. O duro dever, o exigente dever, a obrigação de ser fiel.

Não temos de ser fieis ao que não tem valor. Ela deve dirigir-se ao que vale, e proporcionalmente ao valor do que vale. Fidelidade ao ódio não é fidelidade, mas rancor.

Fidelidade ao pensamento: Marcel Conche observa que todo pensamento correrá continuamente o risco de perder-se, se não fizermos esforço de guardá-lo. Não há pensamento sem memória, sem luta contra o esquecimento e o risco de esquecimento.
Isso significa que não há pensamento sem fidelidade. Para pensar é preciso não apenas lembrar, mas querer lembrar. A fidelidade é essa vontade.
Ser fiel a suas ideias, é não apenas lembrar-se de que as teve, mas querer conservá-las vivas (querer lembrar-se não apenas de que as teve, mas de que as tem).

Fidelidade a verdade, antes de mais nada! É nisso que a fidelidade se distingue da fé, do fanatismo. Ser fiel, para o pensamento, não é recusar-se a mudar de ideia (dogmatismo), nem submeter suas ideias a outra coisa que não a elas mesmas (fé), nem considerá-las como absolutos (fanatismo); é recusar-se a mudar de ideia sem boas e fortes razões.

Nem dogmatismo nem inconstância. Tem-se o direito de mudar de ideia, mas apenas quando é um dever. Fidelidade à verdade antes de mais nada.

Fidelidade à moral: Faz parte da sua essência que ela tem algo a ver com fidelidade. Para Kant a fidelidade é um dever - entre amigos ou esposos - mas o dever não poderia ser reduzido à fidelidade. A fidelidade está subordinada à lei moral.

A moral começa pela polidez e continua mudando de natureza, pela fidelidade. Fazemos primeiro o que faz, depois impondo-nos o que se deve fazer. Primeiro respeitamos as boas maneiras, depois as boas ações. Os bons costumes, depois a própria bondade.
Fidelidade ao amor recebido, a confiança manifestada, à lei, o amor da mãe, o amor do pai...

O dever, a proibição o remorso, a satisfação de ter agido corretamente, a vontade de fazer direito, o respeito ao outro... tudo isso depende no mais auto grau da educação, como dizia Spinoza. É apenas moral, e a moral não é tudo, não é essencial, o amor e a verdade importam mais.
A fidelidade está no princípio de toda moral, ela é o contrário da derrubada de todos os valores. Todas as barbáries deste século foram desencadeadas em nome do futuro. Toda moral, como toda cultura vem do passado. Não há moral que não seja fiel.

Fidelidade do casal: Que há casais fiéis e outros não, é uma verdade. Se entendemos por fidelidade nesse sentido restrito, o uso exclusivo e mutuamente exclusivo, do corpo do outro. Por que só amaríamos uma pessoa? Por que só desejaríamos uma pessoa? Ser fiel a suas ideias não é ter uma só ideia; nem ser fiel em amizade supõe que tenhamos um só amigo. Fidelidade nesses domínios, não é exclusividade. Por que deveria ser diferente no amor? Em nome do que poderíamos pretender o desfrute exclusivo do outro? É possível que isso seja mais cômodo ou mais seguro, mais fácil de viver talvez, ou mais feliz, e enquanto houver amor, pode ser.

Cabe a cada casal escolher, de acordo com sua força ou suas fraquezas. A verdade é mais importante que a exclusividade.
Há casais livres que são fieis, à sua maneira (fieis ao seu amor, fiéis à sua palavra, à sua liberdade comum) E tantos outros, estritamente fiéis, tristemente fiéis, em que cada um dos dois preferiria não o ser.

Não fazer sofre é uma coisa, não trair é outra, e é o que se chama fidelidade.
O essencial é saber o que faz com que cada casal seja um casal. O simples encontro sexual, por mais repetido que seja, não bastaria evidentemente para tanto. Mas também não a simples coabitação, por mais duradoura que seja.
O casal nesse sentido, supõe portanto a fidelidade, pois o amor só dura sob a condição de prolongar a paixão por memória e vontade. É o que significa o casamento sem dúvida, e que o divórcio vem interromper.

Continuar sendo fiel após a separação, é ser fiel ao que viveram juntos, a história que construíram, ao amor que sentiram. Não querer renegar tudo. Nem um casal poderia durar sem essa fidelidade em cada um, à sua história comum, sem esse misto de confiança e de gratidão pelo qual os casais felizes (há alguns) se tornam tão comoventes ao envelhecer, mais até que namorados principiantes, que não fazem mais que sonhar seu amor.

Essa fidelidade é essencial ao casal. Que o amor se aplaque ou se decline é sempre o mais provável, e é bobagem se afligir com isso. Mas quer se separe ou continue a viver junto, o casal só será casal por fidelidade ao amor recebido e dado, ao amor partilhado e à lembrança voluntária e reconhecida desse amor.

A fidelidade é o amor conservado ao que aconteceu, o amor ao amor, amor ao presente (e voluntário e voluntariamente conservado), ao amor passado. Fidelidade é amor fiel, e fiel antes de mais nada ao amor.

Como eu poderia jurar que sempre te amarei ou que não amarei outra pessoa? Quem pode jurar esses sentimentos? E para que, quando não há mais amor, manter a ficção, os encargos ou as exigências do amor? Mas isso não é motivo para renegar ou não reconhecer o que houve.
Por que precisaríamos, para amar o presente, trair o passado? " Eu não juro que sempre te amarei, mas que sempre permanecerei fiel a esse nosso amor". Como? Não me esquecendo desse amor que vivemos.

O amor infiel não é o amor livre, é o amor esquecidiço, o amor renegado, o amor que esquece ou detesta o que amou e que portanto, se esquece ou se detesta. Mas será isso ainda amor?
" Ama-me enquanto desejares, meu amor, mas não nos esqueça".

sábado, 30 de maio de 2009

- A Polidez

A polidez é a primeira virtude e quem sabe, a origem de todas.
Ela pode encobrir tanto o melhor como o pior, por isso é um valor ambíguo.
A polidez faz pouco caso da moral e a moral da polidez. Um nazista polido em que altera o nazismo? Em que altera o horror? Em nada.

A polidez é um artifício, um enfeite e pode ocultar alguma coisa. " A polidez insultante dos grandes" e a "polidez obsequiosa ou servil de muitos pequenos." Seriam preferíveis o desprezo sem frases e a obediência sem mesuras.
Há pior. Um canalha polido não é menos ignóbil que outro, o bruto, o grosseiro, talvez seja até mais. O canalha polido poderia ser cínico, sem por isso faltar nem com a polidez nem com a maldade.

A polidez torna o mau mais odiável porque denota nele uma educação sem a qual sua maldade, de certa forma, seria desculpável. O canalha polido é o contrário de um bruto, inculto, grosseiro, mas cuja violência poderia ser explicada pela incultura. O canalha polido não é um selvagem, não é grosseiro, ao contrário, é civilizado, educado, e com isso, dizer-se ia, não tem desculpa. Quem pode saber se o grosseirão agrevisso é mau ou simplesmente mal-educado?

Pelo que se relata, os nazistas, pelo menos alguns deles, distinguiam-se nesse papel, nessa mistura de barbárie e civilização, de violência e civilidade, nessa crueldade ora polida, ora bestial, mas sempre cruel, e mais culpada talvez por ser polida, mais bárbara por ser civilizada.

Um ser grosseiro, podemos acusar seu lado animal, a ignorância, a incultura, por a culpa numa infância devastada ou no fracasso de uma sociedade. Um ser polido não. A polidez é nesse sentido, como que uma circunstância agravante, que acusa diretamente o homem, a sociedade, não em seus fracassos que poderiam servir de desculpa, mas em seus sucessos.

Diante da polidez, o importante é não se deixar enganar. A polidez não é uma virtude e por que dizer então que é a primeira e talvez a origem de todas?
Falo segundo a ordem do tempo. O recém-nascido não tem moral, nem pode ter. Tão pouco o bebê, e por um bom tempo a criança. O que essa descobre em compensação, e bem cedo, são as proibições. "Não faça isso: é sujo, é ruim, é feio, é maldade"... Ou: " É perigoso", e a criança logo saberá diferenciar entre o que é mau (o erro) e o que faz mal (o perigo).

Há o que é permitido e o que é proibido, o que se faz e o que não se faz. Bem? Mal? A regra basta. Regra do uso e do respeito aos usos. Regra puramente formal, regra de polidez! Não dizer palavrões, não roubar, não mentir... Essas proibições se apresentam identicamente para a criança (é feio). A distinção entre o ético e o que é estético só virá mais tarde, e progressivamente. Portanto a polidez é anterior à moral. Regra de submissão ao mundo e às maneiras do mundo.

Kant: " O homem só pode se tornar homem pela educação. Ele é apenas o que a educação faz dele, e é a disciplina que primeiro transforma a animalidade em humanidade". O uso é anterior ao valor, a obediência ao respeito, e a imitação ao dever. A polidez, por conseguinte ("isso não se faz"), é anterior à moral ("isso não se deve fazer").

A moral é como uma polidez da alma, um saber viver de si para consigo. Uma etiqueta de vida interior, um código de nossos deveres, um cerimonial do essencial. Inversamente, a polidez é como uma moral do corpo, uma ética do comportamento, um código da vida social.

A moral começa pois, no ponto mais baixo - pela polidez. Nem uma virtude é natural, logo é preciso tornar-se virtuoso. Só aprendemos quando fazemos. " É praticando as ações justas que nos tornamos justos", dizia Aristóteles, " praticando ações corajosas que nos tornamos corajosos, é praticando ações moderadas que nos tornamos moderados".

É através dos exemplos dos adultos que as crianças aprendem. É assim que uma geração educa a outra. O que é essa disciplina na família, senão, antes de tudo, o respeito dos usos e das boas maneiras? Disciplina não de polícia, mas de polidez.

A polidez nem sempre inspira a bondade, a complacência, a gratidão; pelo menos da uma aparência disso e faz o homem parecer por fora como deveria ser por dentro" (La Bruyère). Por isso ela é insuficiente no adulto e necessária na criança. É apenas um começo, mas o é. Dizer "por favor", "obrigado", ou "desculpa" é simular reconhecimento. É aí que começam o respeito e o reconhecimento. Como a natureza imita a arte, assim a moral imita a polidez. É inútil falar de dever com crianças. Mas quem renunciaria, por isso, a lhes ensinar a polidez?

E que teríamos aprendido sem ela, sobre nossos deveres?
Trata-se primeiro de assumir "os modos do bem", não claro, para contentar-se com eles, mas para alcançar por meio deles o que eles imitam - a virtude. A polidez é essa aparência de virtude.

Entre um homem perfeitamente polido e um homem simplesmente benevolente, respeitador, modesto... as diferenças podem ser ínfimas: acabamos parecendo com o que imitamos, e a polidez levava pouco a pouco - ou pode levar - à moral. Todos os pais sabem disso, e é o que chamam educar seus filhos.

A polidez não é tudo nem o essencial. No entanto, o fato é que ser bem-educado, na linguagem corrente, é antes de tudo ser polido. Repreender os filhos por dizerem "por favor", "obrigado", "desculpa", é coisa que nenhum de nós faria. Respeito se aprende assim com treinamento.

O amor não basta para educar os filhos, nem mesmo para torná-los amáveis e amantes. A polidez também não basta, é por isso que um e outro são necessários. Toda educação familiar situa-se aí. Portanto a polidez não é uma virtude, mas como que uma simulação que a imita (nos adultos) ou que a prepara (nas crianças). Assim ela muda com a idade. Essencial durante a infância, necessária na idade adulta. O que há de pior do que uma criança mal-educada ou um adulto ruim?

Um grosseirão generoso sempre será melhor do que um egoísta polido; um homem honesto descortês melhor do que um crápula refinado.

A polidez se levada por demais a sério, é o contrário da autenticidade. Os certinhos são como crianças grandes bem comportadas demais, prisioneiras das regras, enganadas quanto aos usos e às conveniências. Faltou-lhes a adolescência, graças à qual nos tornamos homem ou mulher - a adolescência que remete a polidez ao irrisório que lhe é próprio, a adolescência que está pouco ligando para os usos, a adolescência que só ama o amor, a verdade.

Adultos eles serão mais indulgentes, generosos e mais sensatos. Mas enfim, se é necessário escolher a imaturidade por imaturidade, é melhor moralmente falando, um adolescente prolongado do que uma criança obediente demais para crescer.

A polidez é uma pequena coisa que prepara grandes coisas. Ela é uma qualidade apenas formal. Que seres inteligentes e virtuosos não a dispensem pois o homem sem ela, é quase um animal.
É imitando as virtudes que nos tornamos virtuosos.

- A Humildade

Quem se gabasse da sua mostraria simplesmente que ela lhe falta.
Não nos devemos gabar nem nos orgulhar de nem uma virtude, é isso que a humildade ensina. Ela torna as virtudes discretas, despercebidas.
Essa discrição é o sinal de uma lucidez sem falha.

A humildade não é depreciação de si, não é ignorância do que somos, mas ao contrário, conhecimento ou reconhecimento de tudo o que somos.
É a virtude do homem que sabe não ser Deus. É a virtude dos santos.

A humildade está vinculada ao amor, a verdade, e a ele se submete. Ser humilde é amar a verdade mais que a si mesmo. Humildade se opõe à vaidade.
Spinoza escreve: " A humildade é uma tristeza nascida do fato de o homem considerar sua importância ou sua fraqueza." É um estado de alma. Para Spinoza, ela ajuda a "viver sob a condução da razão.

O contrário da humildade é o orgulho, e todo orgulho é ignorância.
Toda virtude fica entre dois abismos. Assim é no caso da grandeza de alma (magnanimidade), quem não tem humildade, cai na vaidade (orgulho); quem tem em excesso, cai na pequenez ou baixeza. Ser pequeno é privar-se daquilo que se é digno. Pequenez, desestima ou desprezo por si mesmo.

A pequenez é fazer de si, por tristeza, menos caso do que seria justo. Mas alguém pode sentir-se triste com sua impotência sem com isso exagerá-la. A tristeza às vezes, é uma força em nós, que ela pode mobilizar a força de que dispomos, a experiência nos ensina (diante de um tristeza, ficamos abatidos, nos sentimos impotentes, sem forças).
Mais vale uma verdadeira tristeza do que uma falsa alegria.

A humildade como virtude, é essa tristeza verdadeira de sermos apenas nós. A misericórdia tempera a humildade com um pouco de doçura. Que é necessário contentar-se consigo, é o que ensina a misericórdia. Misericórdia e humildade andam juntas e se completam. Aceitar-se mas não iludir-se.
"Sou muito humilde" : auto contradição.
"Falta-me humildade." : é um primeiro passo em sua direção.

Humildade não é humilhação e nada tem a ver com ela ( a humilhação só serve para os orgulhosos ou para os perversos).
Não confundamos também, humildade e consciência pesada, humildade e remorso, humildade e vergonha. Trata-se de julgar não o que se fez, mas o que se é.

O remorso, a consciência pesada, ou a vergonha, supõem que poderíamos ter agido de outro modo, e melhor. Quando alguém comete uma falha, é porque ela não foi humilde, agiu de acordo com sua vontade, com seu primeiro impulso, sem ponderar as consequências, tanto para outras pessoas, como para si mesmo. Porém, se ela é capaz de reconhecer essa falha e se retratar, ela usa a humildade que lhe fez falta antes." Você podia ter feito melhor". " Você pode fazer melhor", é o que diz o remorso.

A humildade é um saber. Triste saber? Se quisermos. Porém mais útil ao homem do que uma alegre ignorância. Mais vale se depreciar do que se enganar.
Spinoza diz da vergonha: " Embora seja triste, na realidade, o homem que tem vergonha do que fez, é no entanto, mais perfeito do que o impudente que não tem nenhum desejo de viver honestamente".
O homem humilde é mais perfeito do que o impudente pretensioso. É o que todos sabem. Mais vale a humildade de um homem de bem do que a arrogância satisfeita do canalha.
"Conheço-me demais para me glorificar do que quer que seja", objetaria o homem humilde.

Sinceridade e humildade são irmãs: "A implacável e lúcida sinceridade sem ilusões é, para o sincero, uma lição contínua de modéstia e vice-versa. Como diz Freud: "Sua majestade, o eu, nela perde o trono." Todo conhecimento é uma ferida narcísica.
Sem a humildade, o eu ocupa todo o espaço disponível, e só o outro como objeto, ou como inimigo.

A humildade é esse esforço pelo qual o eu tenta se libertar das ilusões que tem sobre si mesmo. Grandeza dos humildes. Eles vão ao fundo de sua pequenez, de sua miséria, de seu nada.
Quem às vezes não aspira a morrer, para ser libertado de si? Fraqueza? Não, se consciente da sua impotência. Mas sabemos que a morte não é a melhor saída. E disso resulta a humildade, que somos levados a aceitar perante o difícil e para o qual não dispomos de solução, não pelo menos facilmente.

- O Humor

Que ele seja uma virtude poderá surpreender. Mas é que toda a seriedade é condenável, referindo-se a nós mesmos. O humor nos preserva dela, além do prazer que sentimos com ele.
É impolido dar-se ares de importância.

Não ter humor é não ter humildade, é não ter lucidez, é não ter leveza, é ser demasiado cheio de si, é quase sempre carecer de generosidade, de doçura, de misericórdia...
Porém não exageramos a importância do humor. Um canalha pode ter humor; um herói pode não ter. Um irresponsável pode ter; um responsável pode não ter. Mas isso não prova nada contra o humor.

Humor não é sinônimo de irresponsabilidade, infantilidade, alheamento ... ou falta de bom senso, pelo contrário, no humor sempre tem que haver bom senso, caso contrário, cai no ridículo, no vulgar, na idiotice.

É uma virtude engraçada em certo sentido, pois caçoa da moral, mas é uma grande qualidade que pode faltar a um homem de bem, sem que isso atinja a estima que temos por ele, inclusive a estima moral.
O humor não impede a seriedade, ou nossos compromissos, nossas responsabilidades, até mesmo no que diz respeito à condução de nossa própria existência. Mas impede de nos iludirmos ou de ficarmos demasiado satisfeitos.

Que valeria o amor sem alegria? Que valeria a alegria sem o humor? Tudo que não é trágico é irrisório. Eis o que a lucidez ensina. E o humor acrescenta, num sorriso, que não é trágico... Verdade do humor. A situação é desesperadora, mas não é grave.

Por certo não faltam motivos para rir ou chorar. Mas qual é a melhor atitude? Riso ou lágrimas, riso e lágrimas. Nós oscilamos entre esses dois pólos, uns pendendo mais para isso, outros mais para aquilo... Melancolia ou alegria?

Mas há rir e rir, e cumpre distinguir aqui o HUMOR da IRONIA.
A ironia não é uma virtude, é uma arma - voltada quase sempre contra alguém. É o riso mau, sarcástico, destruidor, o riso da zombaria, o riso que fere, que pode matar. É o riso do ódio, é o riso do combate. Quantos não usam essa arma? Útil? Como não, quando necessário! Que arma não o é? Algumas vezes se combate a ironia com ironia. Mas nem uma arma é a paz, nenhuma ironia é humor.

A linguagem pode enganar. Os humoristas não passam de ironistas, de satiristas - e por certo, são necessários. Mas os melhores misturam os dois gêneros: mais ironista quando fala da direita, mais humorista quando fala da esquerda, puro humorista quando fala de si mesmo e de nós todos.

A ironia é um riso que se leva a sério, um riso que zomba, mas não de si, é um riso que goza da cara dos outros. A ironia despreza, acusa, condena, desconfia do outro. A ironia ri do outro, o humor ri de si, ou do outro, mas si incluindo.
Não que o humorista não leve nada a sério (humor não é frivolidade), simplesmente ele recusa levar a sério a si mesmo, sua angústia. A ironia procura fazer-se valer, o humor, abolir-se.

Não há orgulho sem seriedade, o humor quebra a seriedade. É isso que é essencial ao humor, ser reflexivo, ou pelo menos englobar-se no riso que ele acarreta ou no sorriso mesmo amargo que ele suscita. É questão de estado de espírito. A mesma brincadeira pode mudar de natureza segundo a disposição de quem enuncia: o que será ironia em um, poderá ser humor no outro. Aristófanes faz ironia em As nuvens, quando zomba de Sócrates. Mas Sócrates (grande ironista) dá prova de humor quando assistindo a apresentação, ri gostosamente com os outros.
Mas o tom e o contexto podem mudar o sentido da brincadeira. Assim quando Groucho Marx declara: "Tive uma noitada excelente, mas não foi esta." Se ele diz isso à dona da casa, depois de uma noitada malograda, é ironia. Se diz ao público, no fim de um de seus espetáculos, será humor.

Podemos gracejar de tudo: sobre fracasso, guerra, morte, amor, doença...Mas é preciso que esse riso acrescente um pouco de alegria, um pouco de doçura ou de leveza à miséria do mundo, e não mais sofrimento, desprezo. Podemos rir de tudo, mas não de qualquer maneira. Uma piada de judeu nunca será humorística na boca de um anti-semita.

O riso não é tudo e não desculpa nada. Tratando-se de males que não podemos impedir ou combater, seria condenável gracejar. O humor não substitui a ação e a insensibilidade diante do sofrimento dos outros, é uma falta. Assim como é condenável levar demasiado a sério seus próprios bons sentimentos, suas próprias angústias... Lucidez começa por si mesmo. Daí o humor, que pode fazer rir de tudo contanto que ria primeiro de si mesmo.

"A única coisa que lamento, é não ser outra pessoa", diz Woody Allen. Mas com isso, ele também o aceita. O humor é uma conduta de luto - trata-se de aceitar aquilo que nos faz sofrer - (conseguir superar seu sofrimento e ainda brincar com ele). A ironia fere, o humor cura. a ironia pode matar, o humor ajuda a viver. A ironia quer dominar, o humor liberta. A ironia é implacável, o humor é misericordioso. A ironia é humilhante, o humor é humilde.

O humor transmuta a tristeza em alegria, ele desarma a seriedade. Rir de si primeiro, mas sem ódio. Ou de tudo, mas apenas enquanto se inclui nesse tudo e se o aceita. A ironia diz não (muitas vezes fingindo dizer sim). O humor diz sim, sim apesar de tudo, sim apesar dos pesares. Duplicidade, quase sempre na ironia ( não há ironia sem simulação, sem uma parte de má-fé); quase nunca no humor.
É Pierre Desproges anunciando seu câncer: " Mais canceroso que eu, você morre! " É Woody Allen encenando suas angústias seus fracassos... É a eterna tríplice questão e sem resposta eternamente: " Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?" , respondo: " No que me diz respeito, eu sou eu, venho da minha casa e volto para ela."

Famosa fórmula de Spinoza: " Não ridicularizar, não deplorar, não amaldiçoar, mas compreender." Sim, mas e se não houver nada a compreender? Resta rir, não contra mas de, com (humor).

"Humor, triunfo do narcisismo", escreve Freud, que o ego se afirma vitoriosamente e acaba desfrutando exatamente daquilo que o ofende e que ele supera. " Triunfo do prazer, mas que só é possível desde que se aceite, que seja para rir da realidade como é ", diz ainda Freud.
É como aquele condenado à morte que levam à forca numa segunda-feira e que exclama: " A semana está começando bem!" Há coragem no humor, grandeza, generosidade. Com ele o eu é como que libertado de si mesmo.

A ironia que sempre rebaixa, nunca é sublime, nunca é generosa. É uma manifestação de avareza. " Uma crispação da inteligência, que prefere cerrar os dentes a soltar uma só palavra de elogio", segundo Bobin. O humor ao contrário é uma manifestação de generosidade: sorrir daquilo que amamos é amá-lo melhor. A ironia ao contrário, sabe apenas odiar, criticar, desprezar, zombar.

Humor é amor, ironia é desprezo. Em todo caso, não há humor sem um mínimo de simpatia, justamente por sempre conter uma dor oculta. O humor também comporta uma simpatia de que a ironia é desprovida... Simpatia na dor, simpatia na fragilidade, na angústia, na vaidade... o humor tem a ver com o absurdo, com o nonsense. Não claro que uma afirmação absurda seja sempre engraçada, só podemos rir, ao contrário, do sentindo das coisas. O humor está entre o sentido e o disparate.

O humor não é nem a seriedade (para a qual tudo faz sentido), nem a frivolidade (para a qual nada tem sentido). Mas é um meio-termo instável, ou equívoco, ou contraditório, que desvenda o que há de frívolo em toda a seriedade, e de sério em toda frivolidade. O homem de humor, diria Aristóteles, ri como se deve (nem mais nem menos), quando se deve e do que se deve.

O humor é uma desilusão alegre, desilusão tem a ver com lucidez, como alegria tem a ver com amor e com tudo.

O espírito zomba de tudo. Quando zomba do que detesta e despreza é ironia. Quando zomba do que ama ou estima é humor. O que mais amo, mais estimo facilmente? Eu mesmo. Isso diz tudo sobre a grandeza do humor e sobre sua raridade.

- A Gratidão

A gratidão é a mais agradável das virtudes; não é no entanto a mais fácil. Há prazeres difíceis ou raros, que nem por isso são menos agradáveis. A gratidão é um segundo prazer, que prolonga o primeiro, como um eco de alegria à alegria sentida, como uma felicidade a mais.

Podemos carecer de gratidão e há mérito em sentí-la. A gratidão é um mistério, não pelo prazer que temos com ela, mas pelo obstáculo que com ela vencemos. Para sentir gratidão, algumas vezes temos que ter superado uma grande dor, um grande tormento, e nem sempre se consegue, nem sempre é fácil superar esse obstáculo.

Não se da nada sem perda, por isso a generosidade se opõe ao egoísmo, e o supera. Mas e receber? A gratidão não nos tira nada, ao contrário, acrescenta. Ela não só prolonga a alegria, como faz o outro igualmente feliz, ao retribuir com a gratidão o que recebemos do outro, fazemos esse outro feliz também. A gratidão nada tem a dar, além do prazer de ter recebido.

Se a gratidão nos falta com tanta frequência, não será mais por incapacidade de dar do que de receber? Não será mais por egoísmo do que por insensibilidade? Ser grato, é dividir esse prazer que devo a você (que deu alguma coisa). Essa alegria é nossa. Essa felicidade é nossa.

O egoísta pode ( as vezes o egoísta não sente prazer em receber) regozijar-se em receber, mas seu regozijo é só seu, ele guarda só para si. Ou seja, se o mostra, é mais para fazer invejosos do que felizes: ele exibe seu prazer, o prazer que é só dele. Esquece que os outros têm algo a ver com isso.Que importância tem os outros?

Por isso o egoísta é ingrato: não porque não gosta de receber, mas porque não gosta de reconhecer o que deve a alguém, e a gratidão é esse reconhecimento, porque ele não gosta de retribuir, e a gratidão de fato, retribui com o agradecimento. Ele não gosta de partilhar, porque não gosta de dar.

O egoísta só conhece suas próprias satisfações, sua própria felicidade, pelas quais zela como um avaro por seu cofre. A ingratidão não é incapacidade de receber, mas incapacidade de retribuir - sob a forma de alegria, sob a forma de amor - um pouco da alegria recebida ou sentida. O egoísta não sente gratidão, e por isso, também não sabe o que é consideração, apesar de exigir dos outros consideração, ele mesmo não sabe considerar.

Gratidão é alegria retribuída, é amor retribuído. O reconhecimento ou gratidão é o desejo ou zelo de amor pelo qual nos esforçamos em fazer o bem àquele que o fez a nós, em virtude de um sentimento semelhante de amor por nós.

A gratidão se distingue da ingratidão precisamente por saber ver no outro, a causa de sua alegria.

A força do amor-próprio explica assim a raridade ou a dificuldade da gratidão: cada um, do amor recebido, prefere tirar a glória, que é amor a si em vez de reconhecimento, que é amor ao outro.

A gratidão se regozija com o que aconteceu, ela é portanto, o inverso do arrependimento ou da nostalgia (que sofrem com um passado que foi, ou que não é mais) como também da esperança ou angústia, que desejam ou temem um futuro que ainda não é, que talvez nunca seja, mas que as tortura com sua ausência. A alegria do que é ou foi, contra a angústia do que poderia vir a ser.

Os ingratos vivem inquietos. Vivem em vão, incapazes de se saciarem, de se satisfazerem, de serem felizes: eles não vivem, dispõem-se a viver, como dizia Sêneca, esperam viver como dizia Pascal, depois lamentam o que viveram ou, mais frequentemente, o que não viveram... o sábio regozija-se com o viver, claro, mas também com o ter vivido.

A gratidão é essa alegria da memória, esse amor do passado, a lembrança alegre do que foi.

O reconhecimento é um conhecimento, ao passo que a esperança nada mais é que uma imaginação. A gratidão não anula a perda, consuma-a: " É necessário curar os infortúnios com a lembrança reconhecida do que perdemos, e pelo saber de que não é possível não consumar essa perda".

Trata-se de aceitar o que é, e também o que não é mais, e de amá-lo como tal, em sua verdade, em sua eternidade: trata-se de passar da dor atroz da perda à doçura da lembrança, da amputação à aceitação, do sofrimento à alegria, do amor dilacerado ao amor apaziguado. Coisa muito difícil? Sim, sem dúvida. Mas a gratidão nasce dessa superação, quando conseguimos superar, com o esforço que fazemos para conseguir superar.
" Doce é a lembrança do amigo desaparecido", dizia Epicuro - a gratidão é essa própria doçura, quando se torna alegre as lembranças.

A gratidão é uma virtude, isto é, uma excelência, é atestado pela evidente baixeza de quem é incapaz de gratidão, e atesta a mediocridade de nós todos, que carecemos dela.
A gratidão é alegria, é amor, é o segredo da amizade, não pelo sentimento de uma dívida, pois nada se deve aos amigos, mas por superabundância de alegria comum, de alegria recíproca, de alegria partilhada.
A gratidão é uma virtude de fato, pois é a felicidade de amar e muitas vezes, a capacidade em superar.

- Introdução


Se a virtude pode ser ensinada, é mais pelo exemplo do que pelos livros. Esse tratado é uma tentativa de compreender o que deveríamos fazer, ou ser ou viver, e medir com isso o que nos separa desse caminho, pelo menos intelectualmente.

Como dizia Spinoza, não é útil denunciar os vícios, o mal, o pecado.
O bem só existe nas boas ações, que a tradição designa por virtudes.
O que é uma virtude? É uma força que age ou pode agir. Assim como a virtude de um remédio que a de tratar, a de um homem pode ser a de querer agir humanamente.

Virtude é poder, mas poder específico. A virtude do heléboro não é a cicuta, a virtude da faca não é a da enxada, a virtude do homem não é a da cobra.
A virtude de um ser é o que constitui seu valor, sua excelência própria: a boa faca é a que corta bem, o bom remédio é o que cura bem, o bom veneno é o que mata...

As virtudes são independentes do uso que delas se faz, como do fim a que se destinam. Ou seja, elas existem independente de serem usadas ou não, independente de quem as usa - o bom ou o mau - continuam tendo sempre a mesma função, e independente de como serão usadas e para que serão usadas. A faca não tem menos virtude na mão do assassino que na do cozinheiro, nem a planta que salva tem mais virtude do que a que envenena. Qualquer que seja a mão, a melhor faca é a que corta. À faca basta cumprir sua função.
Uma faca excelente na mão de um homem mau não é menos excelente por isso, nem uma excelente faca na mão de um homem bom será melhor do que é.

Virtude é poder, e poder basta a virtude. Mas ao homem não, à moral não. O que adianta o bem se não é praticado?
Qual é a excelência própria do homem? Aristóteles respondia que é o que o distingue dos animais, ou seja, a vida racional. Mas a razão sozinha não basta: também é necessário o desejo, a educação, o hábito, a memória...

O desejo de um homem não é o de um cavalo, nem os desejos de um homem educado são os de um selvagem ou de um ignorante.
A virtude de homem é o que o faz humano, é o poder específico que tem o homem de afirmar sua excelência própria, isto é, sua humanidade.

A virtude é uma maneira de ser, explicava Aristóteles, nossa maneira de ser e de agir humanamente. Nossa capacidade de agir bem. " Não há nada mais belo e mais legítimo do que o homem agir bem e devidamente", dizia Montaigne.
Isso que os gregos nos ensinaram, que Montaigne nos ensinou, tb é lido em Spinoza: " Virtude no sentido geral é poder, no sentido particular, poder humano". Virtudes morais, é o que faz um homem parecer mais humano, mais excelente do que o outro, como dizia Montaigne e sem os quais, como dizia Spinoza, seríamos qualificados de inumanos.
Isso supõe um desejo de humanidade (não há virtude natural), sem o qual qualquer moral seria impossível.

A virtude é uma disposição de fazer o bem, ela é o próprio bem. O bem não é para se contemplar, é para se fazer. Assim é a virtude: o esforço para se portar bem.

As virtudes são nossos valores morais encarnados, vividos em atos. Sempre singulares como cada um de nós, sempre plurais como as fraquezas que elas combatem ou corrigem.
Toda virtude é um ápice entre dois vícios, uma cumeada entre dois abismos: assim a coragem entre a covardia e a temeridade, assim a dignidade entre complacência e o egoísmo, ou a doçura entre a cólera e a empatia. Mas quem pode viver sempre no ápice?

Pensar as virtudes é medir a distância que nos separa delas. Pensar na sua excelência é pensar nossas insuficiências ou nossa miséria.
A reflexão sobre as virtudes não torna ninguém virtuoso, no entanto essa reflexão acaba por desenvolver em nós uma virtude, pelo menos uma, que é a humildade.
A evidência de que carecemos delas, quase todas e quase sempre, e de que não poderíamos nos resignar à sua ausência nem nos isentar de nossas fraquezas.


Comte-Sponville fala das dezoito virtudes que lhe parecem as mais importantes, o que são ou deveriam ser, e o que as tornam sempre necessárias e sempre tão difíceis.Perguntou-se quais eram as disposições de coração, natureza ou caráter cuja presença em um indivíduo, aumentava a estima moral que sentia por essa pessoa, e cuja ausência ao contrário, a diminuía, baseado nisso, escreveu esse Tratado.

- O conhecimento é uma virtude, a ignorância um vício.

Filosofia pode parecer chato e desnecessário para uns, no entanto, para outros, além de um imenso prazer, é vital.
Quem se não os sábios e filósofos para desnudar os misteriosos e intrincados conceitos intelectuais da nossa existência?
Como diz André Comte-Sponville: " Os filósofos são os alunos, os sábios os mestres." E nós, simples leigos, o que nos resta?A total ignorância. Por isso resolvi colocar aqui, de maneira resumida e simplificada (o mais que pude), esse tratado sobre as virtudes, sobre a moral, sobre nosso jeito de ser e agir, escrito por André Comte-Sponville e que ao meu ver, só tem a nos acrescentar na medida em que tenta nos fazer refletir sobre nosso comportamento.

André Comte-Sponville, filósofo francês, ex-aluno da École Normale Supérieure e professor de filosofia.
Mestre de conferência da Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne).
Um dos mais respeitados filósofos e ensaístas da atualidade.
SEUS MESTRES
O grego Epicuro, os franceses Montaigne e Pascal e o holandês Spinoza.

Comte-Sponville considera dezoito virtudes como as mais importantes.
Não postarei todas de imediato, nem as citarei na ordem em que se encontram no livro, uma vez que a ordem não altera a importância de cada uma.